"O evangelho, em sua expressão total, é um vasto caminho ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem o conhecimento e a aplicação de todos os detalhes. ... A mensagem do Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida."


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Livro Renúncia
2ª Parte - cap. III - Testemunhos de fé



O que vês?

"Enquanto circulava junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro e André, seu irmão, lançando a rede circular no mar, pois eram pescadores."

 
Mateus 4:18
 

Muitas vezes nos aproximamos dos textos que narram a passagem do Mestre pela Terra, como se a narrativa tivesse tão somente no conjunto de exortações a serem seguidas o seu núcleo de valor.

Se é verdade que podemos encontrar aí valiosas orientações a nos guiarem na paisagem nem sempre clara e segura dos caminhos terrenos, preciso é reconhecer que o Divino Amigo não se valeria unicamente deste recurso para orientar as almas frequentemente indóceis do seu rebanho.

Compreendendo essa realidade e munidos de mente e coração sintonizados com a mensagem da Boa Nova, poderemos encontrar na exemplificação o maior ensino que Ele pôde nos deixar, mesmo nas mais singelas ocasiões.

A passagem registrada por Mateus é um desses casos cuja significância poderia facilmente passar despercebida por olhos apressados.

Nós, que caminhamos pelas ruas e calçadas, casas e templos, muitas vezes o fazemos ou de maneira despreocupada, sem que os elementos que nos cercam chamem-nos a atenção ou, então, nos desligamos do contexto para conferir cuidado unicamente ao objeto ou assunto que nos interessa. Certo, em nossa limitada capacidade, não poderemos comparar a postura do Cristo com a nossa ainda cambaleante nos caminhos da vida. Contudo, o Seu modelo vivo deve nos inspirar em todas as circunstâncias, razão pela qual não podemos menosprezar as pérolas do Seu exemplo. Dessa forma, importa considerar a maneira pela qual Ele caminhava pelas praias do lago de Genesaré.

Onde muitos poderiam ver apenas a paisagem bucólica ou a atividade mercantil e pesqueira dos trabalhadores, Ele percebeu algo mais.  

Nas mãos calejadas na rudeza do trabalho Jesus percebeu a disposição firme sobre a qual erigiria Sua congregação de discípulos.

Na cooperação em atividades visando ao sustento próprio, Ele observou as tintas da colaboração indispensáveis à realização de toda ação voltada para o Evangelho.

Nos irmãos que ali se uniam pelos laços de sangue, encontrou Ele o gérmen da fraternidade que deveria mais tarde unir toda a humanidade nos elos de uma só família.

Os dois homens que recolhiam da natureza os frutos para a subsistência, estampavam o reconhecimento e a gratidão que um dia todos os filhos devotariam ao Pai que tudo provê.

Nos corações ali presentes, ocupados com os afazeres que lhes competiam, percebeu a boa vontade que age diligentemente no campo de sua responsabilidade, mas, permanece sempre vigilante ao chamado dos compromissos espirituais.

A pesca que poderia ser visto como uma atividade singela e sem relevância, para Ele seria o símbolo de muitos que junto Dele buscariam resgatar as criaturas afogadas no mar das ilusões.

Compreendamos que na paisagem do mundo poderemos caminhar apressados ou distraídos, cegos ou com vistas somente para as pedras do solo, mas, se queremos aprender com o Mestre, olhemos com mais discernimento e compreensão e perceberemos em tudo e em todos as oportunidades em forma de semente, as mensagens em forma de símbolos e a essência do Infinito Amor agindo para que a árvore do bem cresça e floresça ofertando frutos de vida para todas as criaturas.

Saulo Cesar

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