"O evangelho, em sua expressão total, é um vasto caminho ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem o conhecimento e a aplicação de todos os detalhes. ... A mensagem do Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida."


Alcione
Livro Renúncia
2ª Parte - cap. III - Testemunhos de fé



Movimento

“Assim, deixando Nazara, foi morar em Cafarnaum, à beira-mar, no território de Zabulon e Neftali.”

Mateus 4:13

 

            As perspectivas da criatura humana quando estagiando nos primeiros degraus evolutivos, muitas vezes restringe-se a saciar as necessidades primárias derivadas dos instintos e das sensações.

            Nestes estágios podemos encontrar espíritos que embora sejam portadores de elevado conhecimento intelectual, gravitam em torno dos interesses primitivos, permanecendo apegados aos elementos transitórios da realidade. Descobre-se, cedo ou tarde, que tal postura conduzirá, inevitavelmente, a abismo de dores e sofrimentos, visto que o foco dos interesses estará sempre sujeito aos fenômenos de transição entre vida e morte, posse e perda, escassez e fartura.

            Chegará, portanto, o momento em que se defrontará com o fenômenos da perda, da morte e da escassez e, para aqueles que não começaram a buscar horizontes além das formas perecíveis, dor e o sofrimento representam as fronteiras derradeiras das expectativas não atendidas.

            Contudo, tanto quanto nos estágios iniciais, em que a Misericórdia Divina multiplica-se em recursos, possibilitando os primeiros movimentos da vida material, chegado o instante em que o progresso para novos patamares de crescimento no âmbito da espiritualidade nos conclama à renovação, perceberemos o movimento da mesma Misericórdia a ofertar consolo e esperança a todos os vitimados pelas dores derivadas das perspectivas limitadas do materialismo.

            A morte, como término da existência, torna-se uma ilusão e as esperanças, afetos e confiança podem agora caminhar adiante e além rumo ao infinito.

            Em todos esses movimentos, perceberemos que as portas abertas não obrigam o viajor a cruzá-las, ficando cada qual, no exercício do livre-arbítrio que lhe compete, a decisão de estagnar ou caminhar, cristalizar ou renovar, buscar novas perspectivas ou continuar apegado às anteriores.

            O Cristo, como legítimo representante do Pai entre nós, é o pão que alimenta a vida, entendida não só em sua feição de matéria aglutinada, mas, principalmente em sua dimensão de imortalidade do espírito. Ele, contudo, não permaneceu imóvel aguardando que aqueles que Dele necessitassem fossem forçados a buscá-lo em local fixo e determinado. Em seu incondicional amor, buscou os caídos, os doentes, os fracos e oprimidos levando-lhes a Boa Nova.

            É notório, portanto, que o evangelista situe os primeiros estágios de difusão da Boa Nova, com o movimento de Jesus saindo de Nazaré, a casa do pão, para Cafarnaum, a vila do consolador, mostrando que Ele nos buscará, em qualquer estágio em que estivermos para ofertar o que de fato necessitamos, restando-nos a tarefa de também nos movimentarmos em direção à renovação e ao progresso trilhando o caminho por Ele ensinado e vivido em todos os instantes de nossa existência.

Saulo Cesar

2 comentários:

  1. Oi, Saulo.
    Continuo a curtir demais este espaço de estudos. O de hoje é muito tocante. Eu não sabia disso de "Casa do Pão" e "Vila do Consolador"; obrigada mesmo por compartilhar!!!

    Abraço fraterno,
    Issana

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir