"O evangelho, em sua expressão total, é um vasto caminho ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem o conhecimento e a aplicação de todos os detalhes. ... A mensagem do Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida."


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Livro Renúncia
2ª Parte - cap. III - Testemunhos de fé



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“Então, acorriam para ele Jerusalém, toda a Judéia e toda a circunvizinhança do Jordão.”

Mateus 3:5

            Na busca de compreensão e entendimento, iluminação e fé, várias pessoas juntam-se querendo filiar-se ao novo símbolo do momento, principalmente se este aparece vestindo a túnica da novidade sob os holofotes da publicidade. Multiplicam-se, assim, gurus e mestres de toda a sorte, ofertando pílulas de felicidade de fácil deglutição e difícil digestão.

            Receitas, tabelas, métodos e regras novas, quando surgem, encantam a multidão que se movimenta nesta ou naquela direção, qual imenso volume de água a se ajustar às formas do leito de pedra.

            Findo o período inicial de deslumbramento, contudo, verifica-se quase sempre uma repetição da mesma sequência de eventos. O desânimo sucede a empolgação e a mesmice fixa-se sobre novidade. Recolhem-se, então, no leito da inércia, aguardando as notícias da nova moda para repetirem o ciclo.

            Considerando que existem em todos os tempos e lugares expressões da Providência Divina adornadas com os elementos de época e costume do véu exterior, mas guardando a verdade eterna em sua essência, por que razão se verifica esse movimento incessante na direção das coisas “novas”?

            É que o homem muitas vezes movimenta somente o corpo sem lhe alterar interesses e perspectivas. Deslocam-se os pés, mas a alma permanece presa ao egoísmo. Idéias se sucedem apresentando-lhe o sentido da vida de mil formas, mas os sentimentos permanecem imóveis na miopia do orgulho.

            Assim sendo, como as manifestações externas tem por móvel os impulsos do interior, é natural que estes, não se alterando, que aquelas retornem ao estado primitivo de ajustamento, porquanto ninguém é capaz de sustentar a inconsistência por período muito longo.

            Poderão circular toda a Terra, multiplicando-se o patrimônio cultural, mas terminando por voltarem ao mesmo ponto de partida e reencontro com o “eu” de expressões inalteradas.

            Por essa razão, enquanto a criatura humana não se dispuser a empregar bons esforços na transformação de si mesma, valendo-se dos recursos que estão ao seu redor, continuaremos a ver o fenômeno que se deu às margens do Jordão, quando muitos foram em busca do Batismo do precursor para, algum tempo depois, sufocar a promessa de renovação na cruz infamante dos próprios deslizes.

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