"O evangelho, em sua expressão total, é um vasto caminho ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem o conhecimento e a aplicação de todos os detalhes. ... A mensagem do Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida."


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Livro Renúncia
2ª Parte - cap. III - Testemunhos de fé



Renascimento

“Confessando os seus pecados, eram mergulhados por ele no rio Jordão.”

Mateus 3:6

            Larga parcela da humanidade vive em situação de conflito consigo mesma. Entre o que gostariam de ser e o que realmente são estende-se grande abismo. Considerando o que intentam realizar e as edificações que concretizam, percebem inconfundível diferença. Colocando na balança o peso dos comportamentos que consideram corretos e os que realmente concretizam, pendem-se os pratos assinalando a ausência de igualdade.

            Diante dessa constatação, abrem-se diversos caminhos adotados segundo as disposições e possibilidades individuais.

            Alguns dotados de raciocínio, mas não de auto-crítica, formulam teorias que ajustam o que são ao que consideram correto, pela flexibilização de juízos ou pelo abandono de critérios válidos em favor de outros, obscuros e parciais. Iludem-se, esperando que o Oasis se mantenha real, para reconhecerem-se mais tarde a impossibilidade de aplacar a sede com grãos de areia.

            Outros caem nas estradas da lamentação, encontrando em tudo e em todos as causas dos próprios equívocos, manietando as próprias possibilidades de ação, até que pelo hábito privam-se das condições de realização, convertendo-se em paralíticos da vontade, que somente o esforço de reconstrução de si mesmo poderá levar ao reestabelecimento das forças para que a jornada prossiga.

            Há ainda os que, identificando as diferenças, entre o que intentam ser e o que são, fecham-lhes os olhos, recolhendo-as ao porão do esquecimento, como quem estando diante de detritos que necessitam ser retirados permanecem imóveis, enquanto os germes se proliferam aumentando a dificuldade que a tarefa de limpeza exigirá mais tarde.

            Outros ainda adotam a culpa por companheira, convertendo-se em carrascos de si mesmos, sem permitir-se a liberdade construtiva.

            Felizmente, cedo ou tarde, reconhecem que tais condutas não passam de equívocos. Teorias falsas não mudam fatos; justificativas não edificam; negação não altera a realidade, tanto quanto a auto-flagelação não redime nem cura feridas.

            Vencidas essas etapas, resta à consciência, que reconhece os próprios erros, mergulhar novamente no rio da vida e renascer para uma nova postura de reconstrução e edificação, valendo-se das águas da Misericórdia Divina que tudo recolhem, ofertando sempre a possibilidade de escrevermos novas e belas páginas no livro eterno de nossas experiências.
         

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