“e foi morar numa cidade chamada Nazaré,”
Mateus 2:23
A pequena vila escolhida para ser o lar de Jesus apresenta curiosas características. Não constitui nenhuma grande aglomeração, nem carrega os títulos de centro cultural ou religioso. Tratava-se de ambiente singelo, onde a simplicidade era a flor de todas as estações.
Por que não Jerusalém, que abrigava o grande templo e as maiores expressões religiosas do povo judeu? Por que não Roma, onde o poder e o direito eram as duas colunas do império? Damasco, Jope, Dalmanuta, Magdala não poderiam oferecer ambiente mais desenvolvido e adequado ao intercâmbio das idéias nascentes?
A escolha singela, contudo, carrega preciosa lição. Muitas vezes as manifestações exteriores se revestem de inúmeros adereços, que sufocam as expressões legítimas da fraternidade, silenciando a consciência nos ritos mecânicos, quanto à responsabilidade de progredir, renovando atitudes, sentimentos e pensamentos.
O poder e o direito, não raro, ocupam-se de si mesmos, o primeiro buscando aumentar sempre mais e o segundo oscilando nas mãos de quem possui o primeiro.
As belezas perecíveis apresentam-se qual mármore polido e vistoso, mas incapaz de servir de ambiente ao florescimento de quaisquer sementes de vida.
A proposta da Boa Nova não tinha o propósito de renovar o mundo pelas vias das reformas da religião formalizada, das políticas legalistas ou das institucionais temporais. Seu alvo era terreno mais fértil, onde pudesse germinar a árvore do amor a ofertar frutos de sentimento. Por essa razão, os grandes centros foram preteridos em relação à pequena Nazaré, visto que ali os corações amigos encontrariam as oportunidades de convivência fraterna, sem os anseios que as buscas dos valores do mundo trazem consigo.
Face a esse ensinamento, reflitamos quanto a revivecência do Evangelho em nós. Se buscamos sintonizar com o Cristo para que ele faça morada em nossa vida, recordemos que podemos possuir os mais notáveis conhecimentos e sermos detentores de títulos, recursos e influência, mas, o Mestre não se estabelecerá sob tais edificações. Ele demandará o coração de cada um, buscando os sentimentos mais simples e nobres, para que eles sejam o campo a partir do qual a água da vida se estenderá para a amplitude do ser.
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