Por que te perturbas?

“O Rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e com ele toda Jerusalém.”

Mateus 2:3

            Acumulam-se riquezas e posses, terras e títulos, cargos e distinções. Reinados são erguidos sobre os valores do mundo e, à frente, monarcas e soberanos lhes dão o encaminhamento que julgam ser o mais adequado. Atrás dessas figuras eminentes, reúnem-se vasto número de cooperadores diretos ou indiretos que beneficiados de momento pelo status quo conferem a àqueles a possibilidade de continuidade pela inércia em que se assentam.

            Tal quadro, pintado em todos os tempos, representa o conjunto daqueles que acreditam nas verdades espirituais, mas ajustam seus valores às conveniências de cada mundo presente, esquecidos de prepararem-se para o advento de uma nova era.

            Sentem, em seu íntimo, que chegará, inevitavelmente, um momento de mudança em que serão postos, na balança da consciência, as atitudes, sentimentos e pensamentos que cultivaram ao longo da existência ou de determinado período de tempo.

            Mas, como frequentemente as ilusões também têm o poder de cegar os olhos, não percebem o desenrolar do tempo que segue seu curso, oferecendo oportunidades, desafios e valores, que o homem justo saberá recolher, mas que o imprudente não reconhecerá, visto sua rede de interesse estar lançada no leito raso do imediatismo. Caminham, aqui e ali, sem maiores preocupações quanto ao uso que conferem aos talentos dispensados pela Divina Providência, olvidando  que chegará o dia da prestação de contas, onde todos seremos chamados a mostrar o que edificamos em proveito do espírito imortal que somos ou o bem do nosso próximo.

            Nesse dia, riquezas serão possibilidade de melhoria das condições sociais. Títulos serão encargos de responsabilidade. Tempo será campo de semeadura.

            Quantos de nós estamos realmente preparados para facear esse instante decisivo, em que se retiram as máscaras e o homem apresenta-se tal qual é?

            Infelizmente, proliferam no mundo os reis de ventos e os súditos de areia. Mas, eis que chega sempre o momento em que a luz desponta no horizonte, trazendo a promessa de um novo dia. Para alguns, será uma mudança de situação durante a própria vida, mas para muitos somente virá na forma do término da existência terrena.

            E neste dia, como receberás a verdade celeste? Com a alegria daquele que soube viver dignamente, amando e compreendendo, perdoando e ensinando, vivendo e aprendendo e que agora espera o justo retorno do trabalhador operoso, ou a exemplo do que nos traz o evangelista acerca do monarca, perturbar-se-á o seu coração?