"O evangelho, em sua expressão total, é um vasto caminho ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem o conhecimento e a aplicação de todos os detalhes. ... A mensagem do Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida."


Alcione
Livro Renúncia
2ª Parte - cap. III - Testemunhos de fé



Busca


“perguntando: Onde está o Rei dos Judeus, recém-nascido? Pois vimos sua estrela ao despontar, e viemos reverenciá-lo.”
Mateus 2:2

Desde o momento em que o cristianismo veio ao mundo, muitos são os que buscaram e buscam aderir-lhe aos ideais, por sentirem em seu íntimo que o caminho proposto pelo Mestre de Nazaré representa estrada segura para os seus destinos. Enquanto o mundo oferece satisfações passageiras e alegrias efêmeras, a Boa Nova aponta para os tesouros imperecíveis da alma em comunhão com o Pai.
            Justo é que desde os primórdios se inquirissem sobre onde está o Cristo, como atender-lhe o chamado? De que modo seguir-lhe os passos?
            As respostas a estas perguntas formaram seitas e grupos, propostas e códigos.
            Alguns acreditam que o Cristo de ontem e de hoje está confinado aos templos religiosos, devendo somente aí ser buscado e receber o nosso louvor e devoção, transformando assim o culto de adoração em compartimento onde o verbo se inflama entre paredes para silenciar tão logo sejam cruzadas as portas de saída.
            Numerosos são os que consideram que o chamado do Mestre, inicialmente dirigido para toda a humanidade, restringiu-se a determinado ajuntamento religioso e somente através do atendimento à essa ou àquela voz particularista é que os eleitos seriam identificados, fazendo desse pensamento justificativa para julgar e separar, advertir e escarnecer.
            Frequentes são os que almejam seguir os passos do Divino Amigo através de ritos e práticas exteriores, imaginando que com isso exoneram-se de responsabilidades maiores na conduta cotidiana em relação a si mesmo e ao próximo.
Tais condutas não devem ser vistas sob a ótica da crítica negativa, mas pela lente da compreensão de que o anseio dos magos do passado de encontrá-Lo é ainda o desejo de muitos crentes sinceros do presente.
Mas, querendo verdadeiramente achá-Lo, lembremo-nos do que Ele nos ensinou que a vida é a grande escola das almas e o mais valioso templo será a vastidão das nossas experiências convertidas em altares de santificação do espírito. Que o Pai é de todos e saberá falar a língua de cada um dos Seus filhos a fim de que tantos os ouvidos simples, quanto os já acostumados às complexidades das palavras, possam Lhe entender e atender ao chamado e que se, por dever de fraternidade, devemos respeitar todos os ritos e práticas que caracterizam essa ou aquela denominação religiosas, um gesto que reconforta e ampara, que anima e consola será sempre preferível as manifestações meramente exteriores.
Dessa forma, mesmo que nossos olhos reconheçam o brilho dessa estrela de primeira grandeza, nossa tentativa de encontrá-Lo será sempre infrutífera enquanto não o buscarmos dentro de nós, reverenciando-O através do amor ao próximo e da caridade fraterna.

Nenhum comentário:

Postar um comentário