"O evangelho, em sua expressão total, é um vasto caminho ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem o conhecimento e a aplicação de todos os detalhes. ... A mensagem do Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida."


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Livro Renúncia
2ª Parte - cap. III - Testemunhos de fé



Superficialidade

“José, seu esposo, sendo justo e não querendo difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo.”
Mateus 1:19



Curiosa a conduta do homem de ontem e de hoje para com as revelações Divinas. Excetuando-se a parcela daqueles que lutam para compreender a si mesmos e seus papeis no universo, a partir das águas mornas do materialismo, existe uma grande multidão de crentes em estranho casamento com Deus: reconhecem-Lhe as obras e devotam-Lhe respeito verbal. Quando instados a declinarem suas opções de fé, apressam-se em declarar: “sou católico” ou “sou evangélico” ou “filio-me ao espiritismo cristão”, ou ainda a essa ou àquela denominação religiosa de nosso tempo. Mas, fechando-se as portas que dão acesso aos olhares do mundo, recolhidos ao íntimo de cada um, muda-se-lhes a conduta e o que era louvado com os lábios externamente, passa a ser repudiado no coração. Reconhecem a grandeza do Pai quando sob os olhares do mundo, mas são incapazes de O encontrar entre os pequeninos que reclamam pão e compreensão, carinho e estímulo. Fazem-se portadores de mensagens decoradas que lhes granjeiam admiração popular, mas ao influxo do infortúnio, seus corações emudecem, incapazes de reverberar o amor e a compaixão de que todos somos beneficiários. Denotam grande conhecimento quanto a teoria e as interpretações, mas ao primeiro sinal de fragilidade, convertem-se em juízes do comportamento alheio e carrascos de consciências. Em suma, aparecem para o mundo em brancas vestes, enquanto trazem ainda o coração maculado pela lama dos próprios equívocos.
Por essa razão, o palco da humanidade ainda se encontra repleto de atores carregando a máscara da virtude, longe ainda do amor legítimo e da caridade cristã. Justos para o mundo, mas ainda adeptos da iniqüidade.
Compreensível é que, por entenderem superficialmente as realidade eternas e furtando-se a pensar no derradeiro momento em que retirar-se-ão todas as máscaras, a conduta seja ainda esta. Mas, chegará o dia em que se compreenderá que o amor a Deus, como a luz, parte de um ponto para espraiar-se pelos espaços e o justo será justo dentro e fora do lar, nas igrejas e nas oficinas de trabalho, no convívio social e no auxílio aos necessitados, no zelo pelo que Deus lhe empresta, assim como pelo que foi dado ao outro.
Nesse dia o homem abandonará o casamento de aparência, e se unirá efetivamente, em espírito e verdade com o Pai.

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