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“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de coabitarem, ela se achou ter concebido do Espírito Santo.”

Mateus 1:18

O nascimento do Cristo foi o maior evento ocorrido na história humana. Embora grandes homens e mulheres tenham existido e contribuído imensamente para o progresso da humanidade, nenhum deles teve tão profunda e duradoura influência sobre os destinos humanos. Sobre ninguém se escreveu tanto, embora o Divino Amigo permaneça ainda um desconhecido do mundo. Nenhum nome, a exceção do Senhor, foi mais pronunciado, muito embora os seus ensinamentos e exemplos recebam ainda o silêncio da indiferença. Templos de pedras e ouro foram erigidos em sua memória e em nome do seu evangelho, contudo, a criatura humana segue ainda desamparada ao sabor da tempestade de vícios e equívocos, soçobrando aqui e ali ao sabor da ventania e das vagas transitórias do mundo.

A razão disso é bem esclarecida pelo evangelista quando narra a forma em que o Mestre veio ao mundo. Sua chegada não é registrada pelos feitos grandiosos ou pelas edificações externas, mas sim pelo surgimento no ventre materno, representando o íntimo de cada criatura que se propõe a unir-se primeiramente com Deus colocando-se, antes de tudo, sob os seus desígnios, sendo esse é o símbolo da virgem. Surge pela mãe, visto que somente a porção materna que todos carregamos dará conta dos sacrifícios necessários a fazê-lo surgir em sua perfeição.

Em vão procuraremos causas externas ou mundanas para o advento do Cristo em nós. Cada um o gestará dentro de si, motivado por razões que somente ele poderá compreender e acatar. Aqui a criança o fará nascer pelos gestos de pureza, acolá mãos generosas o trarão ao mundo embalando a ternura, mais adiante o ancião o fará viver através de palavras de orientação. Mas, será sempre em primeiro lugar em espírito e em verdade, que Ele surgirá gestado em nossos corações, sentimentos e pensamentos. Não por aparências externas, mas pelo elo que a criatura estabelece com o Criador dentro de si mesma.

Por essa razão, ainda que em Seu nome deitemos rios de tintas ou levantemos templos monumentais, permaneceremos ainda distantes Dele enquanto não o fizermos nascer dentro de nós.