"Eles, deixando imediatamente o barco e o pai, o seguiram."
Mateus 4:22
A cada instante em nossas vidas somos deparados com caminhos e escolhas, alterantivas e propostas. Muitas nos convidam à renovação de valores e a conquistas de perspectivas mais amplas, mas encontram, não raro, os grilhões dos hábitos adquiridos e os muros altos do comodismo a nos reterem nos oasis ilusórios, postergando os compromissos com a própria renovação.
Novas tarefas no campo da assistência legítima ao próximo? Escasseiam os recursos do tempo e da disposição.
O aprendizado surge como possibilidade de ampliação de valores eternos para o espírito? O desânimo e o peso da inércia convertem-se em algemas a nos prenderem no conforto do estágio atual.
O companheiro surge, requisitando-nos demonstrações de equilíbrio e tolerância? Clamam vencedoras as vozes do orgulho e do egoísmo, mantendo-nos no abismo de sombras internas.
Todas essas situações e circunstâncias ocorrem no palco precioso do tempo onde cada um de nós possui papel somente no ato presente.
E, desacostumados a contemplar a nossa existência a partir dessa perspectiva, crendo-nos senhores do amanhã convertido em celeiro das realizações adiadas, podemos considerar estranha a narrativa registrada pelo evangelista no que concerne a atitude dos discípulos da primeira hora. Todavia, é preciso compreender que o Mestre não poderia requisitar o abandono dos deveres filiais ou o labor honesto na aquisição do sustento próprio. Há aí, como em quase toda a Boa Nova, ensino mais profundo para o espírito imortal.
Conquanto o futuro permaneça um campo de esperança, onde ansiamos pelo florescimento das árvores de nossos esforços, é somente no solo do presente que podemos depositar as sementes de nossas escolhas. Assim, se não decidirmos em favor da renovação e do bem, da justiça e do amor no instante em que agimos, pensamos e sentimos, não lograremos desvencilharmo-nos do homem velho, acostumado aos confortos provisórios da estagnação.
Por isso, não devemos estranhar a disposição dos dois companheiros do Amigo Celeste ante o Seu convite, pois, em verdade, o Cristo prossegue dirigindo-nos o seu chamado incessantes e, se não formos no agora, quando iremos?
Saulo Cesar
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