Mateus 4:3
Na condição
ainda de aprendizes que estagiam nas primeiras séries da escola da vida, frequentemente
caímos no equívoco de tomar o currículo de experiências pelas quais temos que
passar, a fim de gravar verdadeiramente as lições que nos habilitarão a
prosseguir na estrada da edificação de nós mesmos, como algo que deva se
ajustar a estreiteza de nossas concepções, olvidando que a função do
educandário é sempre a de mover o educando do estado em que se encontra para
novos patamares de realizações e conquistas.
Por
essa razão, enquanto navegarmos nas águas calmas da conveniência e do conforto,
consideraremos que tudo segue conforme o esperado. Basta, contudo, que novas
situações se formem exigindo de nós algo mais, ou o desenvolvimento de outras
perspectivas, que nos apressamos a despender energia no sentido de
estabilizarmos nossa conduta no estágio primário.
Um
amigo nos exige maior dose de compreensão e tolerância? Transformamos a
necessidade de cooperar em distanciamento confortante.
Recursos
se escasseiam oferecendo-nos a oportunidade de desenvolver novas posturas ante
os dons que a Providência Divina nos empresta? Aferramo-nos ao que temos,
lutando para manter a posse muitas vezes à custa de pesados compromissos de
consciência.
A
compreensão e o afeto nos fogem? Apressamos em abandonar as convicções e os
ideais a fim de converter a opinião alheia pela bajulatória mediocrizante.
Restabelecida
a condição inicial pelas vias das concessões criminosas ou da indiferença
culposa, há ainda os que se consideram, por isso mesmo, beneficiados pela
Paternidade Divina olvidando que o compromisso de autotransformação, quando não
observado no tempo adequado, retorna mais tarde com força ampliada.
Neste
ponto, devemos reconhecer que Deus não intenta a formação de filhos lenientes e
pusilânimes, mas espíritos capazes de cooperar com Ele na edificação do Seu
Reino sobre a Terra, não se furtando a aplicação da prova educativa ou da
correção libertadora.
Acreditar
que o Pai se debruçará no atendimento aos caprichos de Seus filhos é tomar o
Senhor de todas as coisas à conta de servente inconsequente.
Na
medida em que o homem caminha na senda do amor e da sabedoria, aprenderá a
reconhecer que Deus saberá sempre nos oferecer aquilo de que necessitamos, e
essa compreensão fortalecerá o vínculo entre criatura e Criador pelos elos
sagrados da fé.
É
interessante notar que no episódio figurativo em que o Cristo se defronta com
aquele que tenta é precisamente essa relação entre o filho e o Pai que se
converte em foco de sua atuação. Condicionando o reconhecimento da Paternidade
ao atendimento dos interesses imediatos, ele lança seu desafio “Se és filho de
Deus...”
Aprendamos
com Jesus a reconhecer-nos filhos de Deus em todas as circunstâncias e não
cairemos no abismo da dúvida que nos afasta do Pai sem que o Pai jamais se
afaste de nós.
Saulo Cesar
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