"O evangelho, em sua expressão total, é um vasto caminho ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem o conhecimento e a aplicação de todos os detalhes. ... A mensagem do Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida."


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Livro Renúncia
2ª Parte - cap. III - Testemunhos de fé



A nossa parte


“Jesus lhe disse: Novamente, está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus”
 
Mateus 4:7

Na busca de progresso e evolução, muitas são as estradas escolhidas por indivíduos e coletividades. Esses caminhos se multiplicam ao infinito e cada qual, valendo-se dos recursos e possibilidades de que se acha detentor, fará a opção por esse ou aquele, dentro do leque de alternativas que a vida lhe apresenta, sempre encontrando aí um conjunto de oportunidades de crescimento.

Contudo, é importante lembrar que se existem diversidades de estradas, diversas também são as lições que cada uma oferece ao nosso íntimo. Acostumado à balança dos valores transitórios e externos, o ser humano frequentemente só consegue enxergar avanços e melhorias onde os seus olhos percebem o atendimento de seus interesses limitados. Onde estes não são satisfeitos, considera-se como sendo o caminho inadequadamente traçado ou a falta da proteção de Deus.

Por essa razão, encontramos os que ontem louvavam ao céu enquanto favorecidos pela fortuna e que hoje praguejam, contra o alto, inconformados diante de privações que lhes assolam o cotidiano.

Há os que exaltavam a beleza da vida refletida na saúde que detinham e que agora aprisionam-se na cela do negativismo ante as limitações do corpo em processo de reajustamento.

Percebemos os que louvavam a felicidade, enquanto cercados pelo afeto correspondido e, mais tarde, diante do direito de liberdade requisitado pelo outro, arrojam-se em abismos profundos de depressão e angústia.

Diante de tais ocorrências é natural que a mente, dando os primeiros passos na direção da compreensão das Leis Divinas, se questione sobre se o amparo do Pai não lhe teria faltado. Seria, entretanto, justo indagar também se as dores do momento não são o resultado de escolhas feitas ou de ações negligenciadas.

Reconhecendo que a Divina Providência é a manifestação do amor infinito, mas não leviano, devemos perceber que nunca faltarão as mãos de socorro a sustentar a criatura em queda que deseje sinceramente a elevação. Mas, para aqueles que se lançam conscientemente nas estradas pedregosas dos equívocos, estas mesmas mãos poderão esperar que a lição da dor  compareça favorecendo as aquisições de valores mais justos no que concerne à nossa parte de esforço em favor de nós mesmos, sem tentar o Senhor.
 
Saulo Cesar

2 comentários:

  1. Sabe como eu interpreto este trecho "não tentarás o teu Deus"? É assim: se sou filha de Deus e, portanto, "sou deus" ("vós sois deuses"), preciso fazer escolhas corretas, que têm a ver com um profundo reconhecimento dessa minha origem divina e com um autêntico compromisso com o Amor.

    Quer dizer, eu interpreto assim, mas isso não significa que eu VIVA assim... ainda estou longe... mas é pra lá que a gente deve ajustar as velas, né?

    Abraço fraterno,
    Issana

    P.S.: estou amando o blog; acho que é material para um livro, inclusive! Quantas pessoas não poderiam aprender com sua sabedoria?? Nossa... que riqueza!

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    1. Issana,

      Obrigado pela contribuição. Acredito que estamos todos aprendendo e que atuando juntos chegaremos a compreender melhor esse grande tesouro que é o Novo Testamento.

      Como você disse, a vida é a forma pela qual Deus nos ensina a sermos verdadeiros filhos de Dele. Caminhar, portanto, é atender a esse chamado, ainda que tropecemos aqui ou ali.

      Continue postando seus comentários, pois o objetivo deste blog é exatamente esse, compartilhar visões sobre o Evangelho, que sejam relativas às nossas vidas e sentimentos.

      Um grande abraço.

      Saulo

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