Não voltes

“E, sendo advertidos em sonho para não retornarem à presença de Herodes, regressaram para a sua região por outro caminho.”

Mateus 2:12

            Toda criatura humana procede de igualdade de origem. Por mais que diversos movimentos preconceituosos tenham, em todos os tempos, tentado encontrar bases e justificativas para legitimar seus pontos de vista equivocados, a fisiologia e as ciências esclarecidas menos encontram razão para sustentar tais diferenças, quanto mais avançam para uma melhor compreensão do homem. Se podemos considerar essa constatação legítima do ponto de vista meramente material, mais ainda é verdade quando remetemos nossa análise para o campo do espírito, onde seremos forçados a constatar que a sabedoria e o amor infinito do Criador não se harmonizam com preferências particularistas em favor desse ou daquele filho.

            Entretanto, se a semelhança de origem nos estabelece o mesmo ponto de partida, ao darmos os primeiros passos diversificamos os nossos caminhos no exercício das escolhas que fazemos e dos valores que cultuamos.

            Muitos de nós, senão a grande maioria, experimenta uma mistura de opções positivas e negativas que vão se acumulando no conjunto de nossas experiências, constituindo o patrimônio intelectual e emocional de que dispomos para fazer novas escolhas.

            No que tange às experiências menos felizes, podemos adotar uma diversidade de posturas, variando da completa negação ao inteiro mergulho no oceano da culpa, afogando as possibilidades de renovação na atitude auto-destrutiva. Entre esses dois extremos, encontramos o meio termo salutar que ao mesmo tempo em que não se oculta à responsabilidade, guarda a confiança na paternidade Divina e emprega positivamente as próprias energias na tarefa de reparação e aprendizado.

            Nos capítulos de nossas experiências, destaca-se aquele em que despertamos para as realidades espirituais que nos exortam a outra sorte de comportamento perante a vida e o próximo.

            Para todos os que começaram a vislumbrar essa nova luz, ainda que pálida no céu da própria consciência, as anotações do evangelista revestem-se de valiosa orientação. Seguindo o exemplo dos adoradores que vieram do oriente, lembremo-nos de que se os passos de ontem conduziram-nos a desvios de rota na direção das vaidades, orgulhos e egoísmos, urge continuemos a caminhar sem volver as mesmas estradas sombrias e pedregosas em direção à união com o Pai, que é a origem e o destino para todos nós.